PT anuncia candidato ao governo e rompe aliança de 16 anos com PDT no Ceará

Cúpula petista esperava que PDT lançasse Izolda Cela, mas escolhido foi Roberto Cláudio; ex-governador Camilo Santana confirmou Elmano de Freitas

Camilo Santana, Lula e Elmano de Freitas, anunciado como nome do PT ao governo do CearáReprodução/Twitter

Danilo MoliternoLeonardo Rodrigues da CNN

O ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) anunciou no domingo (24), em suas redes sociais, que Elmano de Freitas será o candidato do partido ao governo do Ceará nas eleições de outubro.

Freitas é deputado estadual desde 2015. Antes, foi secretário municipal da educação de Fortaleza, durante a gestão de Luizianne Lins (PT), de 2008 a 2012.

O PT aguardava a oficialização da candidatura do PDT para anunciar o movimento. A cúpula petista esperava que a sigla presidida por Carlos Lupi indicasse para a disputa a governadora Izolda Cela (PDT), que ascendeu ao cargo após a renúncia de Camilo Santana, no início do ano.

Izolda foi eleita a primeira vice-governadora do Ceará, em 2014. Na época filiada ao Pros, ela integrou chapa encabeçada por Camilo Santana. A união se repetiu na eleição seguinte, quando a professora já estava filiada ao PDT.

O PDT, no entanto, optou por indicar o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio como seu candidato ao governo.

Aliado próximo do presidenciável Ciro Gomes (PDT), Cláudio venceu a votação interna por 55 votos a 29, segundo o presidente do PDT no Ceará, deputado federal André Figueiredo.

Disputa tem repercussão nacional

A intenção do PDT ao lançar o ex-prefeito de Fortaleza é ter um candidato mais próximo à direção nacional do partido e a Ciro Gomes. Izolda, até por ser casada com Veveu Arruda (PT), é vista como uma petista dentro da sigla.

Com isso, o ex-ministro não terá de dividir palanque no Ceará, onde tem sua mais forte base eleitoral, com uma candidata que possa ser relacionada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ciro criticou o petista, na última quarta-feira (20), após ser oficializado como candidato ao Planalto, por “invadir” a autonomia do PDT no Ceará.

“O que está acontecendo é o seguinte: o Lula resolveu desconsiderar toda e qualquer ética e qualquer escrúpulo e resolveu destruir os partidos. Tentou operar no Ceará também com gente que eu ajudei a criar”, declarou Ciro. “O que Lula está fazendo no Ceará é invadir a autonomia do PDT para escolher o candidato”, acrescentou.

Na última quinta-feira (21), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a decisão do PDT de lançar o ex-prefeito de Fortaleza em detrimento de Izolda foi “autoritária e machista”.

Decisão rompe aliança de 16 anos

Em abril deste ano, Camilo Santana se desincompatibilizou do cargo para disputar o Senado. No seu lugar, assumiu a atual governadora, que tinha a preferência do antecessor e do PT para disputar a sucessão.

Após a indicação de Roberto Cláudio, no entanto, o PT encerrou uma vitoriosa parceria eleitoral com os Ferreira Gomes que já durava 16 anos no estado.

Em 2006 e 2010, Cid Gomes se elegeu governador com apoio dos petistas. Depois, Camilo Santana foi eleito e reeleito com a bênção de Ciro Gomes e de seu irmão – eleito senador na chapa do petista no último pleito.

A última eleição em que esses dois grupos políticos estiveram separados no Ceará foi em 2002. Na ocasião, Lúcio Alcântara (PSDB) foi eleito governador.